Crítica - Frozen: Uma Aventura Congelante

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"Animações nos fazem ver uma porta abrir"
É inegável a força da Disney e seu talento para produzir grandes obras que encantam todas as idades. Com Frozen: Uma aventura congelante, não poderia ser diferente. As famosas canções derivadas do longa-metragem provavelmente já invadiram a cabeça do leitor, visto a enorme febre que se tornou o filme. Repleto de cenas divertidas, adianto-lhes que é uma animação ótima para se passar o tempo, caso seja adulto, enquanto uma possível grande obsessão para os fãs pequeninos.
Inicialmente, o estúdio Walt Disney planejava lançá-lo por uma perspectiva completamente diferente da retratada, com uma Elsa vilã, conforme o conto original de Hans Christian Andersen: A Rainha da Neve. O roteiro, por motivos históricos adversos, foi deixado de lado, sendo retomado em outras perspectivas até chegar na atual: Com uma protagonista com a qual o telespectador, principalmente as crianças, possam se identificar. O motivo para tal mudança foi nada mais nada menos que a versão da música 'Let it Go', apresentada aos roteiristas, que tornou a soberana gélida mais simpática e agradável.
A história se passa no reino fictício de Arendelle, onde toda a trama é discorrida. As protagonistas são as irmãs Elsa e Anna, desenvolvendo sua relação de irmandade. Quando menores, brincavam e eram inseparáveis, até a descoberta dos poderes de manipulação de gelo de Elsa, que mostraram-se problemáticos para com a família.
Enquanto brincavam juntas, Elsa acaba por ferir acidentalmente a irmã. Os pais, ao saberem do ocorrido, vão atrás de ajuda mística para tratar do caso. Assim, pedem ao Rei Troll que remova da memória de Anna o incidente que sofreu decorrente dos poderes da mais velha. Devido a isso, Elsa começa a se distanciar da caçula, com medo de machucá-la novamente. Esse é o momento que quem assiste vai tirando pontos pouco a pouco: o mal aproveitamento da relação fraternal entre as protagonistas.
Como dito anteriormente, o filme é excelente para o público infantil, que é atraído por inúmeros motivos, como o realismo mágico, a ideia de liberdade, suas canções, cores e vividez. Contudo, em uma análise do psicológico dos personagens, logo se percebe que os personagens são rasos, o que incluem as protagonistas do longa.
Olaf, o boneco de neve, segue o script enquanto personagem sidekick engraçadinho, o que pode ser um ponto ambiguamente bom e ruim
Elsa é uma jovem rainha problemática que tenta lidar com seus conflitos internos, mas acaba tendo seu brilho ofuscado pelo pouco trabalho em seus laços de amor com Anna, além das sub-tramas que enrolam o enredo e mostram-se desnecessárias para a construção de um microrrealismo psicológico. Esse ponto é muito melhor empregado em outros filmes do gênero, que incluem Zootopia (2016) e Mulan (1998).
É mais escancarado quando se trata da princesa de Arendelle: Anna, que segue o estereótipo de Hollywood de garota amável: desastrada e carinhosa, clichê esse que não é novidade nenhuma. Nesse caso em específico, a personalidade da personagem torna-se um empecilho para que as relações criadas na trama desenvolvam o enredo.
Olaf é um elo complicado: Enquanto ele segue a fórmula de coadjuvante-torneira-cômica, pode vir a enxugar toda a atenção para si, em um filme em que quem deveria brilhar é infelizmente muito mal aproveitado. Tenho de parabenizar o excelente trabalho de Enrolados (2010), que conseguiu equilibrar esses pontos, com a exímia dupla de Rapunzel com Pascal, sem grande desfoco em suas nuances.
Um ponto que a produção não economizou nem um pouco foram as músicas fortes e/ou divertidas. Muito além de 'Let it Go' (ou simplesmente 'Livre Estou'), 'Por uma vez na eternidade' e 'Vejo uma Porta Abrir' são uma das grandes heranças desse filme. Há muito pouco que se pode entrar em demérito. A direção sonora está de parabéns por esse feito.
A animação é muito bela, com uma gama de energia enorme fluindo pela tela a todo momento. Peca-se apenas na modelação das personagens femininas, que tem estrutura muito semelhante: olhos grandes, narizes pequenos, delicadeza e corpo magro igual bonecas Barbie, o que pode ser questionado entrando em âmbito sociológico.
Porém, a Disney acertou novamente na exploração de personagens mais independentes com o levantamento do feminismo. Só o simples fato de Anna se importar mais com Elsa que um namorado já é um ponto gigantesco. Novamente, o problema reside na forma que as relações foram pensadas no roteiro.
Por fim, o desfecho é interessante. Há reviravoltas que não precisavam ter sido exploradas de tal forma e deslizes gerais que, para uma produção de tal porte, são muito difíceis de se compreender sua raíz. A bilheteria tem seu sucesso justificado, mas exigindo o que se sabe que a Disney pode fazer (e não fez), Frozen: Uma Aventura Congelante pode ser tido como superestimado. 
Avaliação final: 7,5 (Bom+)
Trailer Oficial

Recomendado:
- Mulan (1998)
- Lilo & Stich (2002)
- Enrolados (2010)
- Valente (2012)
- Zootopia (2016)

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